Quem me vê, vê um cara amarelo, talvez branco, quem sabe pardo!
O que sou?
Sou tudo, sou nada.
Nasci moreno, de cabelos lisos, como tantos outros. Aos dois já era totalmente loiro, com cabelo cor de ouro. Aos nove foram-se meus últimos fios dourados e ficou outro, crespo, pixaim, ondulado, cacheado, não sei ao certo, porque isso não importa mais, já que estes estão indo também e em breve estarei com a cabeça lisa, brilhando ao sol.
Mas em 23 anos passei por essa metamorfose sem nunca ter usado uma tintura. Talvez tenha estragado porque cortava o cabelo com uma mulher e ela estava no período vermelho. Ou foi em 1998 que começou a mudar, quando cortei na lua cheia de março. Ou pode ter sido a máquina? Sempre dizem que cortar cabelo na máquina estraga o cabelo... Já sei, esse cabelo não é meu, vai ver que foi uma mistura de DNA's que fez isso.. Mas então qual seria minha raça, minha cor, meu genero, ou que seja pra definir isso tudo?
"Ah ora porra!" - Pensei eu!
Eu tenho o cabelo crespo, então sou preto! É, sou um negão em pele de outrem. Vai ver Deus quis fazer um experimento!
"Vó, nossa família descende de que País?"
"Meus avós eram portugueses" - respondeu ela.
Então sou português. Mas meu pai era negro. Então sou negro. Mas por que tenho a pele amarela?
Já sei, sou oriental também!
Isso mesmo, sou oriental, africano, europeu e americano. Sou índio. Devo ser índio também!
Aí pensei, pensei e conclui:
Sou negro, mulato do nariz achatado.
Sou preto, pretinho do cabelo crespinho.
Sou japonês, chinês, coreano e russo, amarelo-manga, amarela-canário, amarelo-yellow.
Sou índio, indiano, maia, sou do povo americano da pele rubra, avermelhada cor de cobre.
Sou pardo, de olhos amendoados, cabelos lisos ondeados, loiros e negros.
Sou branco, preto, vermelho, amarelo, azeitona, manga, mongólico, caucásico, malaia.
Eu sou tudo. Eu sou nada!